“Governo Lula terá dificuldade em aprovar PECs”
Foto: Romildo de Jesus
Por Mateus Soares
Ontem, durante uma entrevista à rádio Metrópole, o senador Otto Alencar (PSD) comentou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, enfrentará dificuldades para aprovar Propostas de Emenda Constitucional (PECs).
De acordo com ele, embora Lula possa ter maioria no Senado para aprovar matérias que exijam maioria absoluta, em sua opinião, ele não possui maioria para aprovar uma PEC.
A mesma situação se aplica à Câmara dos Deputados. Além disso, Otto afirmou que os parlamentares que votaram com Lula ficam descontentes e constrangidos.
Durante a entrevista, o senador ressaltou que a Medida Provisória que estabelece os ministérios do governo ainda não foi votada.
Ele explicou que, se essa medida não for aprovada, 17 ministérios do atual governo serão extintos, o que causa grande incerteza.
Otto enfatizou que o início deste governo não conseguiu garantir uma maioria clara para aprovar o que é de interesse do estado, e as questões mais importantes não estão sendo votadas.
Ele também mencionou que algumas medidas provisórias estão prestes a perder a validade, mas acredita que serão votadas esta semana.
Na ocasião, o senador baiano comentou sobre um conflito que teve com Marcos do Val (Podemos-ES) durante a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os eventos golpistas de 8 de janeiro.
Segundo Otto, Marcos do Val interrompeu suas explicações, gritou e ele respondeu dizendo: “O Senado não é uma delegacia de polícia”. Após esse incidente, a CPMI continuou sua instalação e está programada para se reunir pela primeira vez na próxima quinta-feira.
Otto também revelou uma dificuldade do Senado na relação com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
O parlamentar falou que há uma questão de “falta de entendimento do ponto de vista institucional” com o deputado.
“Hoje, a dificuldade está grande na questão da falta de entendimento do ponto de vista institucional de Arthur Lira com o Senado. A Câmara manda para nós um projeto, o Senado faz alterações, e, quando volta para Câmara, ele retorna para como estava antes”, disse Alencar, acrescentando que isso já aconteceu diversas vezes.
Otto lembrou que Lira foi escolhido “praticamente por unanimidade” como presidente da Casa, e disse que isso “dá poder a ele”, assim como o apoio do chamado Centrão, com a maior bancada ligada a ele, 182 deputados.
Ainda sobre os outros desafios que tem notado com a atual configuração do Senado, Otto afirmou que houve um aumento na quantidade de senadores conservadores.
E provocou: “Mas não que não sejam capazes