Hospitais Roberto Santos e Ana Nery são referência em transplantes

A história de Eusmar Rodrigues, de 24 anos, marcou a equipe médica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador. Foi no maior hospital público da Bahia que o morador de América Dourada, na região de Irecê, conseguiu fazer o tão esperado transplante de fígado, em outubro de 2018 – intervenção que se tornou essencial após o diagnóstico de uma hepatite autoimune.

“O Eusmar foi um dos casos emblemáticos que tivemos e que sempre lembramos com muito carinho”, destaca a coordenadora de Enfermagem do Grupo Integrado de Transplantes do Roberto Santos, Magna Assis. “Ele chegou com a saúde bem debilitada e conseguiu fazer o transplante. Hoje, leva uma vida normal com a família e segue vindo ao hospital para realizar as consultas de avaliação.” 

Histórias como a de Eusmar já se repetiram muitas vezes no HGRS e no Hospital Ana Nery (HAN), unidades da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) que são referência para a realização de transplantes por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado. Juntos, nos últimos 15 anos, os hospitais realizaram mais de mil transplantes, garantindo uma segunda chance a pacientes pediátricos e adultos.

A Bahia conta com uma rede composta por sete hospitais que realizam transplantes pelo SUS. Desses, três são unidades públicas: o HGRS, o HAN e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos. Além deles, integram a rede os hospitais filantrópicos Martagão Gesteira, em Salvador, e Dom Pedro de Alcântara, em Feira de Santana, e os privados IBR, de Vitória da Conquista, e Hospital Português, na capital. 

Somente em 2023, as unidades já realizaram 128 transplantes. Em janeiro, foram 49, número que teve um acréscimo de mais de 61%, saltando para 79 procedimentos em fevereiro.

As expectativas para o futuro, segundo o coordenador da Central de Transplantes do Estado, Eraldo Moura, são promissoras, já que a pasta da Saúde realiza estudos para a ampliação da rede de captação e transplante de órgãos. “Estamos em fase de credenciamento em Itabuna”, informa. 

“Nossa meta é ampliar a regionalização do processo de transplantes em toda a Bahia”, destaca o gestor. “A captação já conseguimos realizar em praticamente em todos os maiores municípios”, afirma.

“ Nosso desafio é fazer esse processo de conscientização da sociedade e dos profissionais de saúde em relação à doação e fazer com que os pacientes identificados como potenciais receptores tenham um fluxo traçado para onde devem procurar o serviço de transplante.”

Referência em alta complexidade nas áreas de cardiologia e nefrologia, o HAN é o maior centro de transplante renal em adultos do Estado e o único que realiza transplante renal pediátrico. Desde o início da realização dos procedimentos, em 2008, até meados de março deste ano, a unidade realizou 144 transplantes pediátricos e outros 929 em pacientes adultos. 

Médica nefrologista e diretora técnica do HAN, Fernanda Martin explica que os números colocam o hospital no oitavo lugar no ranking nacional de transplantes. “O foco do nosso serviço é o atendimento humanizado do paciente e de suas famílias, para que o transplante seja seguro, de forma que o paciente deixe de depender das sessões de diálise, o que leva à redução da mortalidade e à melhoria da qualidade de vida”, explica. “Por esta razão, além do procedimento propriamente dito, realizamos também o acompanhamento global pós-transplante. Atualmente, estão sendo acompanhados pela equipe do HAN 1.045 pacientes, sendo 960 adultos e 85 pediátricos.”

Para a diretora do HGRS, Lucrécia Savernini, o preparo das equipes multidisciplinares que lidam com o processo de doação garante uma assistência qualificada ao paciente no período anterior ao transplante e no pós-operatório.

Em ambas as unidades, são oferecidos os tratamentos pré e pós-transplante, como as consultas e a distribuição de medicamentos que evitam uma possível rejeição dos novos órgãos. Apesar de os remédios serem repassados pelo Ministério da Saúde, para garantir que não haja falta, a Secretaria da Saúde mantém o chamado estoque regulador de seis medicamentos fundamentais para o tratamento de transplantados, ação que conta com um investimento anual de R$ 27,6 milhões. 

Atualmente, o HGRS realiza o acompanhamento de mais de 480 pacientes transplantados ou que ainda esperam pelo procedimento. “Neste momento, estamos promovendo um reforço na equipe do Hospital Roberto Santos para ampliar o número de transplantes renais realizados na unidade”, explica a diretora. “Além disso, também temos o Banco de Olhos da Bahia, que realiza a captação de córneas.” 

Entidade pública que funciona no HGRS, o Banco de Olhos da Bahia é responsável por receber as doações de córneas vindas de todo o Estado, que são processadas e armazenadas na unidade até que a Central de Transplantes do Estado da Bahia autorize a liberação para pacientes inscritos na lista única de transplante. (A Tarde)

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