Bahia teve mais de cinco mil óbitos por AVC em 2023

Uma das doenças que mais fazem vítimas no mundo é o acidente vascular cerebral (AVC). Conhecida mais popularmente como derrame, esta doença que provoca internações e incapacitações em seus pacientes costuma levar a óbito por dia no país, cerca de 12 pessoas, segundo informa a Associação de Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil) e só em 2023, fez quase 110 mil vítimas no Brasil. Na Bahia, segundo informações da Secretaria de Saúde do estado (Sesab), mais de cinco mil baianos vieram a óbito no ano passado por conta da doença.

Ainda de acordo com a pasta, os idosos são o público que mais registram óbitos pela doença. Pessoas acima dos 70 anos são mais de 63% das vítimas dos acidentes vasculares cerebrais. Na capital baiana, segundo informações da secretaria, cerca de 759 pessoas morreram por conta do AVC no ano passado.

Conforme a pasta informou, a comunidade parda e o gênero masculino foram as categorias mais impactadas pelos óbitos decorrentes de AVC. Mais de 2,8 mil indivíduos pardos sucumbiram a essa condição. Além disso, destaca-se que 50,1% dos óbitos relacionados ao AVC são de homens.

Entre os indícios frequentes de um AVC, chamam atenção os sintomas de ter a sensação de fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna, especialmente em um dos lados do corpo. Além disso, podem ocorrer sintomas como confusão mental, dificuldade na fala ou compreensão, alterações na visão, desequilíbrio, coordenação comprometida, dificuldade ao caminhar, sensação de tontura e dores de cabeça súbitas e intensas, sem motivo aparente. Esses sinais permitem a identificação rápida de um possível AVC.

A equipe da Tribuna da Bahia entrevistou o cardiologista e professor da faculdade de medicina da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), Alexandre Guabiru, que falou sobre as principais causas do paciente ter um acidente vascular cerebral. “O AVC, popularmente conhecido como derrame, é uma doença muito comum na população que costuma vitimar algo em torno de nove a dez mil pacientes todos os dias no Brasil. No que concerne, é a formação de uma arritmia e a formação de coágulo. Existem algumas arritmias que estão relacionadas ao coágulo no coração. A principal delas é a fibrilação atrial. Essa é a arritmia mais comum de todo mundo e pode acometer até 8% da população, sobretudo a idosa. Ela possui inúmeros fatores de risco, os principais fatores são o tabagismo, o abuso de álcool, o sedentarismo, a obesidade, hipertensão, diabete e um componente genético”, pontuou o cardiologista.

Alexandre ainda explicou que infelizmente, cerca de um terço dos pacientes que possuem essa arritmia, que tem como principal sintoma a palpitação, serão assintomáticos e só descobrirão a arritmia através do AVC.

O cardiologista ainda em conversa com a equipe do jornal ressaltou que existem dois tipos de origem da doença. “Temos o primeiro, o AVC hemorrágico, onde há o rompimento de alguns vasos do cérebro e consequente uma inundação de sangue no tecido cerebral. Esse é mais raro. O segundo, é o AVC isquêmico. Esses são mais frequentes e decorrem, ou, de placas de aterosclerose, que são placas de gordura que vão se formando ao longo da vida do paciente nas artérias que irrigam o sangue e essas placas obstruem estas artérias. Causando um insulto isquêmico no tecido cerebral, ou, muito frequentemente, a formação de um coágulo no coração que está intimamente conectado com o cérebro e ao se desprender do coração, esse coágulo acaba de maneira aguda obstruindo a circulação cerebral e causando um dano ao tecido neurológico”, salientou o cardiologista.

Por fim, Alexandre reforçou as recomendações para o paciente que está suspeitando de estar correndo risco, lembrando que deve buscar o médico para ter um diagnóstico. “Habitualmente recomendamos para indivíduos saudáveis e assintomáticos que façam consultas médicas com seu cardiologista, sobretudo a partir dos 40 anos. Para indivíduos sintomáticos, que sentem a palpitação, que façam consultas de maneiras mais precoce com um cardiologista. E nestes casos, é de fundamental importância a realização do eletrocardiograma (ECG), que é o exame mais importante para o diagnóstico. Uma vez tendo o diagnóstico, o médico poderá definir junto ao paciente se haverá a necessidade da utilização de remédios que afinam o sangue, o que deixa o sangue mais fluido por serem anticoagulantes e previnem a formação dos trombos, além de evitar a ocorrência do AVC”, concluiu o especialista.

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